quinta-feira, 10 de maio de 2012

Ampulheta

Durante toda a minha existência, andei a me queixar da falta de tempo para fazer isto e aquilo, o certo é que quanto mais velha vejo-o a diminuir...

No auge da minha juventude, lembro-me, de me queixar que não tinha tempo para estudar! Não tinha tempo... como é possível eu pensar que não tinha tempo... eu não fazia nada, senhores! Nada! Simplesmente passeava a minha beleza e socializava (e estudava, já agora).

Lá para a casa dos vinte, quando comecei a trabalhar e estudar, achei que o mundo ia acabar e eu não teria tempo para fazer tudo o que eu queria ...
A meio da minha vida útil, comecei a trabalhar a tempo inteiro e pensei: não vou conseguir conhecer o mundo com um horário a tempo inteiro. Era solteira, note-se! E vivia em casa dos papis com tudo feito assim que chegava ao doce lar.

Entretanto lá arranjei tempo para namorar e casei. Pensei: Ai jesus! Como vou conseguir trabalhar e ter tempo para as tarefas domésticas? Não terei tempo, sequer para viver. Achava eu que a minha vida era absurdamente ocupada. 
Até que tivemos o chamamento do além que nos trouxe a Sabrininhas e agora que faço tudo e mais alguma coisa, só consigo pensar que era mesmo parva quando me queixava lá nos anos 90.
Pelo menos agora sei que se um dia tiver mais um filho vou achar a minha vida agora é uma autêntica ampulheta cheia de tempo. Até lá, desculpem-me mas não tenho tempo para NADA!