Ontem vi o documentário mais perturbador de sempre, em anos de existência nunca me lembro de ver um que me tivesse tocado tanto como este de ontem.
O Documentário era sobre o direito de um individuo acabar com a vida que ficou aprisionada dentro de um corpo atrofiado. Não vou falar se é correcto ou não, se ele decidiu da melhor maneira ou se é moralmente ou socialmente condenável. Vou falar de como a vida pode de repente mudar, de como não somos Nada neste universo.
Aquele Homem depois de meses de uma doença galopante que o paralisou totalmente em 6 meses, que somente sobrevivia ligado a um ventilador, decidiu que não queria morrer completamente sozinho no seu corpo.
Sozinho pois mais um mês ou dois iria deixar de falar e deglutir... dizia que a maioria da informação dizia que este tipo de pacientes tinham uma morte pacifica. Ele questionava-se como é que um paciente que não se mexia que não expressava o que estava a sentir conseguia transmitir calma e ausência de dor. Queria morrer agora que ainda conseguia decidir por si, que não queria ser Deus mas que queria que a sua morte fosse digna.
Foram para a Suíça e efectuaram o suicídio assistido.
Filmaram tudo, até ao momento após morrer, até ao momento que adormeceu para sempre. Não consegui controlar o choro, tive de sair da sala para que a Sabrininhas não me visse a chorar por uma tristeza que não lhe conseguia explicar.
Ele dizia que tinha sido feliz, muito feliz mas que era altura de dizer que não queria sobreviver preso num corpo que o iria matar. Nunca vou esquecer as últimas palavras em que dizia: "não morremos enquanto alguém souber o nosso nome."
Não vou fazer juízos de valor, não vou fazer teorias de como deve ser a vida ou a morte pois não sei o que é estar aprisionado num corpo que em 6 meses deixou de funcionar e que num ano nos vai matar.
Não tenho a ousadia de julgar, não consigo discordar ou concordar, só consigo sentir uma vontade de voraz de viver esta vida que me foi concedida, aproveitar este privilégio que tenho de viver esta minha vida.
Não somos nada, somos esta existência que nos ofereceram e tantas vezes a atiramos pela janela fora com coisas se interesse...