Se existem maus trabalhadores, na mesma proporção temos maus empresários. "A culpa nunca morre solteira". Este é o ditado mais certo que me lembro para este assunto.
Não sou apreciadora de uma grande parte dos empresários portugueses. Digo uma parte pois existe uma parte de mim que gosta de acreditar que os outros existem e estão a fazer a diferença.
Não gosto da mentalidade, não gosto da forma como actuam, não gosto da falta de transparência. Não gosto do conceito inicial quando criam uma empresa que é enriquecer num curto espaço de tempo. Não gosto da falta de investimento na estrutura. Não gosto do "chico-espertismo" e o tudo se arranja. Não gosto da falta de coragem de enfrentar os trabalhadores e muitas vezes da própria exploração. Não gosto da arrogância com que falam dos empregados. Não gosto da falta de visão, do culto do "lambe-botismo" em detrimento daqueles que são realmente competentes.
Uma das máximas com que me guio é que não faças aos outros o que não gostavas que te fizessem a ti... e com esta gostava de ver muitos empresários a viverem com um salário mínimo nacional e criar uma família e pagar as contas. Nem todos podemos salários milionários mas existem muitas estruturas que conseguiam providenciar melhores condições aos funcionários se as politicas fossem equilibradas. Aumentos de 10€? A loucura! É vê-los insurgidos contra estas medidas completamente milionárias que a empresa não conseguiria suportar.
Existem empresas em maus lençóis? MUITAS. Infelizmente. A crise é uma realidade? É! Mais uma vez infelizmente, esta serve para todo o tipo de discursos.
E quando a crise não era uma realidade palpável? O que foi feito? Os trabalhadores estavam melhores? Não! As empresas não investiram, não se actualizaram, não investiram nos trabalhadores. E não me digam que isto é demagogia pois esta realidade está em cada esquina.
A integridade é outra coisa que faz muita falta neste meio. Impensável e inaceitável as empresas que fecham de um dia para o outro e os funcionários "batem com o nariz na porta" quando chegam para um dia normal de trabalho... falta de respeito, falta de moral e falta de princípios.
Politicas de redução de custos? Acho muito muito bem... MAS para todos, certo? Que raio de gestão é esta que tira 50 ou 100 euros ao fim do mês a um funcionário, quando num simples jantar gastam isto? Ah e tal mas esse dinheiro não é da empresa... sim, sim e eu sou o Mickey Mouse e ando a comer a Minnie.
Que leis são estas que permite que não paguem aos fornecedores e trabalhadores e fechem a empresa abrindo no dia seguinte com um nome completamente diferente (com as devidas salvaguardas, é certo)? Como conseguem dormir todas as noites?
Gosto de acreditar que existem tantos outros que não são assim, que têm um projecto empresarial, uma gestão estruturada baseada em princípios e lealdade. Mas hoje? Hoje está tão difícil em acreditar, nisto...
E isto, porque conheço a Luísa, o Paulo, a Maria, o João e tantos outros que estão em situações semelhantes.
*Desculpem se o texto não está estruturado como devia mas foi escrito com o coração...