Não me farto de dizer que se eu tenho alguns pecados "para responder por" nestas alturas ficamos "quites". Esta tendência ciclica de internamento da Sabrininhas sem que me digam ao certo o que é, deixa-nos como "atropelados por um camião".
A voz que me diz "que é normal" cada vez mais me deixa mais céptica e com vontade de gritar "desculpe, mas normal uma ova". Não vamos baixar os braços, e vamos revirar o mundo para tentar perceber o que é isto. Não vamos esperar pelos belos 3 anos como se cansam de me repetir. Estamos cansados.
E ontem, ao percorrer os corredores daquele hospital que me acolheu quando ainda somente a esperança de uma concepção habitava em nós, com ela no colo, só pensei que isto de ser mãe é tão Grande.
Numa fracção de segundos, veio à minha mente as consultas de "coração na mão", quando nos diziam vamos tentar isto ou aquilo, vamos esperar mais um mês, vamos tomar esta medicação.
Recordo ter de atravessar a ala das grávidas e pensar tantas vezes "porque é que não merecemos?" Confesso que naqueles momentos de fragilidade cheguei a sentir inveja daquelas mulheres que engravidavam e não sabiam o milagre a que tinham direito.
No vazio da madrugada, facilmente recordei o corredor que me acolheu durante as consultas de gravidez, todos os sustos e diagnósticos que me atiravam para mais uma batalha que eu decidi enfrentar com a garra de quem sempre soube que a vida nunca me foi fácil.
Ontem, naquela madrugada quando foi novamente internada, ao passar com ela ao colo nesses corredores que já foram a minha segunda casa, só consegui pensar que esta é somente uma nova etapa neste processo de ser mãe.
Não sou melhor que nenhuma mãe que por lá passa mas sou a mãe daquela por quem sempre lutei desde o primeiro minuto de uma pseudo gravidez.
Deveria estar escrever? Se calhar não, mas esta sou eu, e isto de escrever é a minha maneira de exteriorizar a minha dor, a minha ansiedade. É a minha catarse. Cada um tem a sua.
Ser mãe é ser Grande e digo-vos não é fácil ser Grande.