segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O estado das coisas

 
Assim de repente arrepiei-me a ler alguns comentários sobre o assunto da co-adopção que tanto se fala estes dias. Eu juro-vos que até corei a ler certos comentários, carregados de preconceito e total insensibilidade quanto à diferença. 
Não vou dizer que é assunto transversal, que é fácil ou que é algo que se consiga falar sem que haja resistência por parte de muitas pessoas. Esta resistência pode ser de origem religiosa ou mesmo educacional mas existem limites até para este tipo de resistência.
O que me surpreende é a capacidade do ser humano em julgar, apontar o dedo e mentalmente decidir o que é bom ou não para outro.
Mas esperem, quem somos nós? Somos melhor que os outros? Só porque temos uma orientação sexual "dita normal"? Achamos que por isso temos direito de apontar o dedo? Definir o que é melhor para o outro, só porque nós somos assim ou assado? Generalizamos quando sabemos que na nossa "dita normal orientação" temos casos atrozes de violência, abusos, promiscuidade e traição. Engraçado como se consegue julgar sem pensar, se consegue dizer do alto da vida cheia de imperfeições que os outros é que estão mal, que são uma aberração.

O que me irrita profundamente nesta questão da co-adopção é estarmos à beira de um referendo sobre uma lei que não deveria ser referenciada... esta questão é uma realidade! Estas situações existem não vão deixar de existir só porque não é legalizada. Mania das pessoas meterem a cabeça na areia, tipo avestruz. Pronto! Votamos que não e a questão vai desaparecer e queremos lá saber o que vai acontecer com aquelas crianças que vão ser institucionalizadas ou sei lá, onde vão parar. Mas isso não interessa nada pois nós, os justiceiros da nossa consciência, votamos Não. E o nosso problema desapareceu, simples!
 
E não me venham para aqui com moralismos ou questões de normalidade ou anormalidade. Primeiro, toca a olhar para a normalidade da vossa vida e depois é que pensem em ser os justiceiros da verdade absoluta no universo da vida dos outros...