sexta-feira, 15 de maio de 2015

Quando o telefone toca...


Algo que não podemos negar é que o telemóvel veio revolucionar o modo como vivemos actualmente a nossa vida. 
Eu sou do tempo onde reinava o telefone fixo lá em casa e quando era pequena, somente a vizinha da frente tinha telefone em casa. E viviamos igualmente felizes.
Eu andava de bicicleta com a minha amiga pela freguesia durante toda a tarde e a minha mãe estava descansada em casa, às horas estipuladas lá estava eu a entrar em casa. Regras sempre foram regras com os meus pais. 
Fui com os meus amigos para o Algarve quando frequentava o ensino superior e vinhamos ao fim da rua ligar para os pais, numa cabine telefónica que frequentemente é chamada de "orelhão" pelos nossos amigos brasileiros. Sim, sou jurássica! Somente um de nós tinha telemóvel e só o usou numa situação de emergência. 

A verdade é que sofria-se menos de ansiedade, ou pelo menos a curto prazo.  
Claro que veio facilitar a vida e eu que sou telemóvel dependente confesso que iria custar-me bastante voltar a esses tempos. E sinceramente até os meus pais, de certeza que já não se habituavam a esses tempos novamente. 
Por norma atendo sempre, só quando não ouço o dito ou se estou mesmo ocupada. O contrário de moi é "o macho lá de casa" adora o telemóvel mas atender chamadas é que é dificil. Nunca ouve o dito a tocar. Foi algo a que me custou habituar ao longo destes anos mas com o tempo já aprendi a sossegar o meu coração que pensa logo em tragédias gregas. 
Só ao fim de 300 vezes sem resposta, começo a pensar no INEM e no número da policia. Começo a enviar sms, zangada (como se resultasse para alguma coisa) e a proferir ameaças. Quando ouço noticias a resposta é sempre a mesma: "Não ouvi o telemóvel!" mas eu sei que ele é assim, já não o consigo mudar, eu sei!

Ontem enquanto fazia a minha terapia numa loja de roupa, ele ligou-me. Não ouvi! Aliás, devia ser proibido interromper uma mulher quando ela está a fazer a terapia do mês numa loja de moda. 
Fui para o carro e quando aquilo se ligou ao telemóvel, finalmente atendi! Um macho furioso do outro lado reclamava que eu não atendia o telemóvel. Respondi: não ouvi! Insistiu a dizer que até sms tinha enviado. E bláblabla e pardais ao ninho. 
Quando fui ver o telemóvel tinha uma chamada às 19:48, outra às 19:50, outra às 19:52 e finalmente um sms a dizer: NÃO ATENDES? ESTOU PREOCUPADO! ACONTECEU-TE ALGO? ... de notar que este sms foi às 19:54!  atendi o telemóvel às 19:58 para que entendam o espaço de tempo que o homem esteve sem noticias minhas...

Realmente tudo na vida é uma questão de hábito...