Desde que somos pequeninos somos "bombardeados" com frases do género: "faz exactamente o que o pai/mãe fazia quando tinha esta idade" ou então "o pai/mãe eram igualzinhos". A verdade é que nos habituamos a ser comparados com os nossos pais ou tios ao longo da vida. Quando nos tornamos pais, igualmente começamos a reconhecer gestos ou atitudes "nossas" nos nossos filhos.
Lembro-me perfeitamente que quando eu era criança, os meus brinquedos eram sagrados, brincava com eles mas cuidava deles para não se estragarem, sabia que eram os meus tesouros.
A minha mãe não se cansa de me lembrar de um episódio da minha infância. Uns primos da minha mãe que vinham uma vez por ano nos visitar tinham uns filhos da minha idade que eram o "terror" em pessoa. Eles quando chegavam a minha casa, pareciam um tornado em formato de pessoa que reviravam a casa do avesso. Mal eu sabia que eles vinham, escondia o que eu conseguia para que eles não os destruíssem... a verdade é que destruíam mesmo os brinquedos. Uma vez, agarraram-se ao meu "Nenuco" que na altura nem era este o nome mas sim "Chorão" ou assim. Ele era daqueles grandes e eu adorava-o de paixão. Agarraram-se ao boneco e eu a ver "a minha vidinha andar para trás". Arrastavam, puxavam... e os pais sempre a manter o mesmo nível, nada diziam... (nunca compreendi muito este comportamento dos pais mas enfim...)
E como os meus pais sempre me educaram a não ser desagradável com as visitas e eu já sou assim desde pequenina, esperei que largassem o boneco, peguei e desapareci com ele. Eles não eram propriamente pequenos para terem a "desculpa da idade". Eram mais velhos que eu e deviam rondar uns 7/8 anos e eu uns 5 ou 6 mas lembro-me perfeitamente do que sentia sempre que eles vinham lá a casa.
Estes dias foi lá a casa o primo da minha pequena que tem quase dois, muito normalmente ele delirou com os brinquedos dela. Agora misturem quase dois anos e uma energia de mini furacão. A minha pequena estava tão aflita com os brinquedos que ele mexia e puxava e atirava pelos ares. Ela só me dizia: ele vai destruir todos os meus brinquedos. Ele arranca tudo, mamã!!!! E eu lá tentava acalmar dizendo que ele era pequenino e tudo o que eu me lembrei de dizer naquela altura. Ao ver o rosto dela completamente "em pânico" porque ele estava a destruir os seus brinquedos, lembrou-me tanto a Sav Maria pequenina.
E ela ainda não sabe que no jogo preferido dela, uma das peças desapareceu ... não faço ideia onde o miúdo enfiou a peça, só sei que vai ser dramático quando ela descobrir... Ai vai, vai!